quinta-feira, 20 de maio de 2010

reencontro.

Às vezes eu penso nas pessoas que passaram pela minha vida e me marcaram de alguma forma. O que seria de nós se não tivéssemos nos separado naquele momento? Teríamos nos separado em um outro? Continuaríamos nos vendo e convivendo? Teríamos chegado onde estamos hoje? Ido além disso?

Ouvi de um conhecido de um ex-colega de trabalho que te conhece, que você vai bem. Mundo pequeno esse...
Da ultima vez que te vi, percebi o quanto o tempo te mudou, e o fez comigo também. Não consegui encontrar um álibi convincente o bastante para falar com você, só um “oi, como vai?” não parecia bom. Não sabia como tinha ficado nossa relação. Quais seriam os assuntos de nossas conversas agora?

Um tempo depois reencontrei aquele mesmo alguém e me disse que você mudou de endereço. Apressei-me em marcar o novo, com a justificativa de entregar algo seu que encontrei em uma de minhas varias mudanças desde então. Mentira, não havia mais nada.
Com esta arma em mãos, resolvi testar. Voltei ao nosso velho costume e te escrevi uma carta, na esperança de que não soasse como se fossemos estranhos, ou que havia alguém te perseguindo.

Às vezes penso em você, que de todas as pessoas que por mim passaram é de quem mais lembro. Não por sentir algo por você, e achar que foi um grande amor desperdiçado e que um dia vai voltar, tenho apenas um carinho pelas nossas memórias, mas sim pela intensidade da atração que nos mantinha. Você sempre foi uma ótima foda. Como seria um reencontro? Certamente seria diferente, faz tanto tempo...

Depois de duas semanas recebi sua resposta à minha carta. Não era como um dia tinha sido, mas também não éramos como dois recém conhecidos. Mais algumas cartas trocadas, os vínculos foram se reatando. Marcamos de nos encontrar em um café.
No momento em que nos vimos soubemos que a atração ainda existia, ou era a empolgação em saber como aquilo terminaria. Conversamos por algum tempo e saímos dali.
Foi como se nossos corpos nunca tivessem se separado. As mesmas sensações, os mesmos gostos, a mesma intensidade, só mudaram os tons.

Por melhor que tivesse sido, não nos vimos e nem nos escrevemos mais, e de certa forma já era esperado.

Me pergunto agora se faltava esse ponto final para você, assim como para mim. Não tivemos uma merecida despedida da outra vez. Quem sabe daqui a algum tempo nos encontramos novamente e eu pergunto...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

rotina.

Você deveria se sentir como um deus, perfeito, satisfeito, feliz ao acordar cada manhã - pelo menos é o que você ouve em um daqueles programas diários do canal que você assiste na televisão - afinal, você é saudável, tem onde morar - e toda aquela baboseira. Para o diabo com isso!
Quem consegue se manter intacto diante de toda essa merda?
De novo aquele lugar, de novo aquelas pessoas, e aquela maldita rotina. Se escondendo das pessoas para as quais você deve, correndo atrás das que devem para você, sem que ninguém tenha sucesso em nada disso.
Em empregos medíocres para conseguir o dinheiro usado para manter seus vícios, e seguir nessa rotina infeliz, aliviada por alguns prazeres profanos. O álcool, o tabaco, a jogatina, as mulheres. Sempre as mulheres. Malditas mulheres. E quem é que precisa delas quando se tem as próprias mãos? Dizem que uma dessas pode te levar às alturas, ou te afundar na areia movediça, rindo e sentindo prazer nisso. Nunca cheguei às alturas. Quem inventou isso, provavelmente foi uma mulher e o fez para enganar os otários dos homens, que correm atrás delas na esperança de chegar à algum lugar, mas só se afundam mais e mais. Deveriam proibir que elas circulassem pelas ruas, entrassem nas fábricas, nos mercados e nas lojas. Principalmente essa que você vê diariamente passar na sua frente, com aqueles decotes enormes, rebolando e se sentindo o máximo por perceber que você a olha e te ignorar completamente. Enquanto você sonha em chamá-la para um jantar sabendo que ela jamais aceitaria, e pensa que a vida não presta.