terça-feira, 13 de abril de 2010

3h15

Um quarto. Uma luz fraca. Um amanhecer. Um homem.

Vários livros na estante. Varias coisas pelo chão.

No rádio, por horas intermináveis ouve Billy Holliday.

O quarto tem um cheiro de roupa suja, comida podre e álcool.

O homem tem em uma de suas mãos um cigarro de marca barata, e na outra uma arma.

Ele sente em sua boca o gosto do corpo daquela que acabara de deixá-lo sozinho e alguns reais mais pobre. Era só mais uma que se fora.

Passa incessantemente a mão por aquele objeto, sente sua temperatura, suas texturas. Abre e fecha o tambor e conta quantas chances tem.

Acende mais um cigarro. Reconta as balas. Olha o relógio na parede, 3h15.

Mais um trago.

E um tiro.

2 comentários:

Paulo Bono disse...

Muito bom.
Gosto do que você escreve. E das palavras que escolhe também.
Abraço

Mendel disse...

Boas palavras, suspense... Belo conto!